TÊNUE


Para o que te trarei a seguir, tranca o meio-termo, tritura a Ética a Nicômano, trespassa Aristóteles.

Pensa, pois, em extremos; extremos que não são, de modo algum, uníveis. Usa tua cabeça e imagina o pessimista num pub, compartilhando a mesa e o conhaque com seu primo, o otimista. Feito isto, propõe um tema qualquer à querela e, a partir deste, cria os questionamentos de cada um. (Se preferires, penses a discussão como uma partida de xadrez na qual tu duelas contra a ti mesmo.) Não há a necessidade de nomear o êxito a alguém: não te interessa ali a conclusão da conversa. Quando achares que é hora de encerrar o embate, faze-o. Em seguida, revê as retóricas (como o enxadrista faz com suas jogadas, após o término da partida): captura as cavidades em cada colocação.

Tenta concluir, por fim, onde há mais força: na rocha desmerecendo a flor, ou na flor desmerecendo a rocha; repara na falta do "justo meio" em um mundo sem melancolia; percebe o destrato dado a Aristóteles há tempos.

Entenderás, então, um tanto melhor, teu mundo tênue e mundano.

Um comentário:

  1. OPa...
    Mas que bom encontrar neste mar imenso alguém que aprecia e escreve bem poesia!
    Obrigada pela visita, moço.
    Gostei bastante dos teus blogs, mas sinceramente, gostei mais deste aqui.
    Voltarei mais vezes...
    Abraços.

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