INAUDITOS AFRESCOS


loucura comprada.

noite fria, Miles Davis time.

I

a figura do mundo me parece profana. não há mais vida após o trabalho. vislumbro festas sem fim, alegorias infindáveis, coloridas, dançantes; todos sussurrando o fim de mais um dia. não há mais passado antes do futuro.

II

sou o cavalo que vaga pelas vias urbanas atrás de água e não vê por que haver progresso. a minha sede é um Grand Canyon sem fim. em prol do progresso, a água fugiu para dentro dos canos. não consigo comer o capim que aqui havia pois meus dentes não roem o asfalto que está por cima. de que adiantam veículos, príncipes hediondos da poluição? dizem que a Loucura ― ai, Erasmo! ― que a Loucura sou eu! pois que assim seja; ela sou eu, loucos sois vós.

III

príncipes montados nuns alazães metálicos verde-oliva surgem em Hindu Kush. suas Excaliburs disparam a paz explosiva de calibre .50. tudo começou quando, invertendo-se sua mensagem, catapultou-se de volta pombos-correio brancos mortos a seu território. e Arthur sequer fora chamado.

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